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Documentário sobre o bem-estar animal na Pecuária

A história de Carmen Perez e a sua jornada em práticas sustentáveis na pecuária brasileira

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Carmen Perez, pecuarista, começou sua jornada aos 22 anos na Fazenda Orvalho das Flores, em Barra do Garças (MT). Desde então, tem se comprometido a ouvir a “voz da terra”, buscando alternativas produtivas que respeitem a vida dos animais e das pessoas envolvidas na atividade. Hoje, é uma das principais defensoras do bem-estar animal, adotando práticas inovadoras como massagens em bezerros e métodos alternativos à marcação a fogo, como tatuagens e brincos de identificação e bóttons eletrônicos, que minimizam o sofrimento e o stress do animal.

Carmen Perez


Carmen também desenvolve, junto com seu marido, Frederico Simioni e o Grupo Etco da Unesp de Jaboticabal um manual de boas práticas para o cuidado dos cavalos de lida, visando melhorar as condições de vida dessa população equina, que hoje conta com 5.799.514 cabeças (IBGE – 2023) – 70% deles no setor agropecuário.

Carmen Perez e Frederico Simioni


Durante sua pesquisa por bem-estar animal, Carmen conheceu Mateus Paranhos, zootecnista e especialista nesta área. Formado pela Universidade Estadual Paulista – UNESP (1981), onde atualmente leciona Etologia e Bem-Estar Animal, fundou há 30 anos o Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (Etco).

Sua contribuição ao setor foi reconhecida pela Revista Dinheiro Rural, que o nomeou como uma das 100 pessoas mais influentes do agronegócio brasileiro entre 2013 e 2016, diferenciando-se por aliar a pesquisa e a prática de campo, trazendo opções de práticas que são implantadas por muitos fazendeiros – inclusive por Carmen, que transformou sua fazenda em centro de pesquisas para pecuária nacional.

Carmen Perez e Mateus Paranhos


No documentário, Carmen e Mateus viajam aos Estados Unidos para buscar conhecimento sobre as transformações que o bem-estar animal podem causar e se encontram com Temple Grandin, uma referência mundial no tema. Com espectro Autista, Temple tem uma visão única que a ajuda a compreender os animais de maneira extraordinária. Ela é responsável pelo design de muitos dos currais e frigoríficos nos EUA, modificando a visão das pessoas pelos animais. Ela também é reconhecida pela frase: “O animal merece ter a melhor vida que possa ser vivida.”

Carmen Perez e Temple Grandin


Entre outras figuras de destaque estão Aldo Rebelo, atual secretário municipal de Relações Internacionais de São Paulo e relator do Novo Código Florestal (2012) e Caio Penido, pecuarista fundador do movimento Liga do Araguaia, referência em pecuária sustentável e pegada de carbono, que trazem para as discussões o tema das mudanças climáticas.

“Esse filme é muito importante pois ele fala da prática do bem-estar animal com grandes pesquisadores e especialistas ao mesmo tempo que conscientiza as pessoas sobre a realidade da produção na agropecuária atual brasileira. Mais uma obra para conectar o campo à cidade de forma muito verdadeira” declara Carmen Perez.

O documentário é dirigido por Nando Dias Gomes, cineasta, roteirista e montador brasileiro, premiado em Hollywood, no Festival Los Angeles Movie Awards. Há mais de 10 anos, ele vem dedicando seu trabalho em narrar as histórias do agronegócio para o cinema e a televisão. “Quando pisei no Mato Grosso há mais de 10 anos, percebi que ali estava a minha missão de vida: ajudar a contar as histórias deste Brasil que produz”, afirma Nando.”

“Um Outro Olhar” é a terceira fase do projeto “Quando Ouvi A Voz da Terra”, explica a jornalista Flávia Tonin, especialista na comunicação do bem-estar animal e produtora executiva do projeto. Ao todo, o projeto conta com um longa-metragem e quatro curtas disponíveis no Youtube, que já impactaram cerca de 5 milhões de pessoas nas redes sociais. O primeiro filme foi indicado a nove festivais internacionais, além de receber a “Menção Honrosa de Impacto Social” na premiação estadunidense Latino And Native American Film Festival (LANAFF) e levar o prata em sua categoria na 20ª Mostra de Comunicação do Agro (ABMRA).

“Um Outro Olhar” é uma obra que busca trazer uma nova perspectiva ao agronegócio, um dos pilares da economia brasileira. Por meio de sua vivência como também de entrevistas com especialistas, Carmen explora temas sensíveis e as ações em andamento para abordar as questões que permeiam esse setor.

A exibição do documentário será faseada: sua primeira exibição foi em São Paulo, no mês de outubro. Em março de 2025 partirá para Goiânia e, de lá, para outras duas cidades brasileiras. A expectativa é apresentar o documentário nas principais regiões do país e, após o calendário de premières, estrear no streaming com o objetivo de torná-lo mais acessível.

Principais frases de Carmen Perez:

  • “Não podemos pegar um exemplo negativo e falar que toda a cadeia produtiva faz igual. Não dá para colocar todo mundo na mesma caixa. A cadeia produtiva é composta por vários perfis. É claro que estamos sempre em um processo evolutivo, mas o que não podemos é generalizar. É pegar um trabalho pontual de maus tratos que precisa ser olhado porque é crime (gado de leite, gado de corte, produção de corpos) e generalizar e colocar a cadeia produtiva toda ali.”

  • Vivemos em um país marcado pela sua vastidão e diversidade que abriga diversos biomas. Somos privilegiados por ter tesouros naturais inestimáveis na forma de fauna e flora, preservados através da manutenção das nossas florestas nativas. Grande parte destas florestas está localizada nas reservas legais e nas Áreas de Preservação Permanente presente dentro das propriedades rurais. Contamos com o código florestal reconhecido como um dos mais modernos do mundo, o que contribui para a conservação de tantas florestas. O que prejudica verdadeiramente o meio ambiente é o desmatamento ilegal.

  • As pessoas estão mais próximas do campo virtualmente mas fisicamente estão mais distantes. Antigamente todo mundo tinha uma ligação com o campo, uma vó, uma tia, um parente. Hoje, existem crianças que nunca viram uma galinha, nunca viram uma vaca, não tiveram oportunidade de estar inseridas neste meio. E isso torna mais difícil para entender o consumo da proteína, para entender que existe todo um processo de produção e de abate.”

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