Dior Cruise 2026, uma carta de amor a Roma e à imaginação
No dia 27 de maio de 2025, os jardins da histórica Villa Albani Torlonia, em Roma, foram o palco do desfile de moda 2025 da coleção Dior Cruise 2026, um marco que transcende a moda de luxo ao entrelaçar arte, história e memória pessoal.
Sob a direção criativa de Maria Grazia Chiuri, a estilista italiana nascida na Cidade Eterna, a Dior apresentou uma coleção que reafirma seu legado de nove anos à frente da maison, combinando alta-costura e prêt-à-porter em uma celebração de feminilidade, imaginação e raízes culturais.
Roma, cenário e inspiração
Roma não foi apenas o pano de fundo, mas o coração pulsante da coleção. A escolha da Villa Albani Torlonia, um local carregado de referências artísticas, reflete a conexão íntima de Maria Grazia Chiuri com sua cidade natal. A história de Roma, repleta de imagens de cinema, teatro, moda e arte, tornou-se a tela onde Chiuri pintou sua visão, marcada pelo estilo romano.
Como ela mesma descreve, esta coleção é uma “síntese autobiográfica de um momento”, uma bella confusione — expressão que evoca o título sugerido por Ennio Flaiano a Federico Fellini para o filme Oito e Meio. É um convite à imaginação, onde o real e o metafórico se encontram, misturando personagens vivos e fantasmas em uma rede de afinidades estelares, com ecos do neorrealismo italiano.


Antes do desfile Dior Roma, Chiuri recebeu convidados no Teatro della Cometa, um espaço restaurado com investimentos pessoais dela e de sua família, ecoando o espírito de patronagem artística da condessa Anna Laetitia Pecci-Blunt, conhecida como Mimì Pecci-Blunt, que em 1958 fundou o teatro. Este gesto reforça o caráter pessoal do projeto, que parece tanto uma homenagem à cidade quanto uma possível despedida da estilista, em meio a rumores sobre sua saída da Dior.


Mimì Pecci-Blunt: A Musa do baile da imaginação
A coleção encontra sua musa em Mimì Pecci-Blunt, uma figura carismática que marcou a cena cultural do século XX em Roma, Paris e Nova York. Conhecida por seus bailes exclusivos em preto e branco, Mimì inspirou Chiuri a recriar a atmosfera de um baile da imaginação, onde as regras são quebradas e a liberdade criativa reina.
Entrar nos espaços de Mimì, como a Villa Albani Torlonia, é cruzar um limiar onde o passado e o presente se fundem, e o disfarce — representado pelas roupas — permite transcender identidades. A coleção é, assim, uma síntese visual de todas as artes, evocando a essência dos eventos organizados por Mimì, onde teatro, moda e imaginação se entrelaçavam.


A Coleção: Feminilidade, Dualidade e Savoir-Faire
A Dior Cruise 2026 é uma declaração de feminilidade na moda sem reservas, um abraço atemporal que mistura códigos clássicos do cinema italiano e da moda com uma sintaxe contemporânea. Inspirada pela evolução da vestimenta, a coleção dialoga com a história da moda, mas rompe com a linearidade cronológica vista na apresentação de inverno 2025, em Paris. Aqui, o fantástico e o real se misturam, combinando alta-costura e prêt-à-porter em uma narrativa que é, ao mesmo tempo, sonhadora e ancorada, marcada pelo savoir-faire Dior.


A paleta de cores é dominada por tons claros, com ênfase no branco, contrastados por toques de preto, rosa, vermelho e dourado. Vestidos Dior vaporosos de tule e renda Dior delicada, verdadeiros compêndios de savoir-faire Dior, desfilam em uma leveza quase mágica, enquanto coletes estruturados, inspirados no guarda-roupa masculino, e alfaiataria feminina com bordas pretas ou botões contrastantes reinventam silhuetas tradicionais, como casacos de cauda e jaquetas de oficial. Algumas peças evocam casulas, enquanto outras, em veludo dourado e preto, homenageiam as Irmãs Fontana, que vestiram Anita Ekberg no icônico La Dolce Vita. Um vestido em veludo dourado surge como peça absoluta, sublimando a estética da coleção.


O desfile é uma farândola, onde os elementos coexistem em harmonia, mas também brilham individualmente. A visão criativa de Chiuri organiza-se em torno do branco, declinado em uma pluralidade de materiais — dos mais densos aos mais leves —, criando um diálogo entre texturas e formas. Saias longas e amplas acompanham coletes com lapelas, enquanto rendas finíssimas e motivos em baixo-relevo adicionam profundidade às peças.


Um legado de intuição poética e realismo mágico
Para Maria Grazia Chiuri, a Dior Cruise 2026 é mais do que uma coleção — é uma recomposição dos personagens, paisagens, histórias e mitologias de Roma. Com um pensamento que privilegia a interrogação e a rêverie, a estilista mergulha na intuição poética e no realismo mágico para criar uma nova rede de conexões culturais. A coleção transcende o tempo, misturando identidades e evocando figurinos clássicos do cinema italiano, tudo envolto como uma carta de amor à sua cidade natal.


O desfile Dior Roma, realizado nos jardins da Villa Albani Torlonia, não apenas celebra o legado de Chiuri na Dior, mas também reforça sua habilidade de transformar a moda de luxo em um ato de storytelling. Ao fundir alta-costura com prêt-à-porter, passado com presente, e Roma com o mundo, a coleção Dior 2026 se estabelece como um marco de sua visão criativa, onde a imaginação é a verdadeira protagonista.


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