Por meio de um diálogo multifacetado entre corpo e vestimenta, a coleção Dior Outono 2025, assinada por Maria Grazia celebra peças icônicas de culturas da moda, reinterpretadas em um guarda-roupa decididamente contemporâneo.
Revelada nos jardins Toji, em Kyoto, a coleção reforça os laços históricos da Dior com o Japão, iniciados na fundação da Maison e perpetuados ao longo de décadas. Este desfile, um marco nas modas internacionais, destaca a influência da Kyoto moda na alta-costura global.


Raízes Japonesas e Inspirações Históricas
A conexão com o Japão é o coração desta coleção. Desde os anos 1950, a Dior dialoga com a cultura japonesa, como visto no motivo floral de cerejeira de 1953, agora revivido em alta-costura, ou no Diorpaletot e Diorcoat de 1957, criados por Christian Dior para harmonizar com a silhueta do quimono. Em 1971, Marc Bohan apresentou modelos Dior em Tóquio, inspirados pela estética do teatro japonês, um eco que ressoa nesta nova linha.


A visita de Chiuri à exposição Love Fashion: In Search of Myself (realizada em Kyoto, de 13 de setembro a 24 de novembro de 2024) aprofundou essa troca cultural, explorando como cortes e formas moldam identidades e emoções em tradições distintas. Esta exposição reforça a relevância da Kyoto moda como inspiração para as tendências outono 2025.


A coleção homenageia o savoir-faire japonês por meio de colaborações com ateliês renomados, reinventando a alfaiataria com influências do quimono, tricôs que evocam as pregas do origami e motivos florais que florescem em sedas e jacquards. Esse diálogo entre França e Japão tece uma narrativa onde a moda se torna arquitetura do corpo, um espaço de vida que habitamos.


Corpo, Vestimenta e Arquitetura
Na visão de Chiuri, a roupa é mais do que um adorno: é uma extensão do corpo, uma alma material que reflete costumes e identidades. Assim como um edifício é definido por seu espaço interior, a moda ganha vida na relação íntima entre tecido e silhueta.


A coleção explora essa fronteira, estudando roupas em duas e três dimensões, como o casaco quimono, cujas linhas soltas e envolventes respeitam a forma tradicional, mas ganham contornos contemporâneos com cintos e texturas inovadoras.


Essa abordagem conecta a aritmética do quimono – sua precisão geométrica – ao DNA da Dior, onde a alfaiataria francesa encontra a fluidez japonesa. Jaquetas e casacos, pensados para acompanhar o movimento, integram detalhes contemporâneos, como cordões, zíperes e fechos técnicos, inspirados no guarda-roupa esportivo. Calças envelope e saias longas balançam com os passos, enquanto bordados dourados e padrões florais evocam a poesia de um jardim japonês.


Harmonias Estilísticas
No cruzamento entre tradição e inovação, a coleção Dior Outono 2025 expressa uma simbiose essencial. Jaquetas em denim adotam as formas clássicas do quimono, enquanto tricôs, meticulosamente estruturados, remetem ao rigor do origami. Vestidos longos, túnicas e conjuntos florescem com motivos vegetais – esboçados, bordados ou tingidos – que unem culturas pelo prisma da beleza. O preto, intenso e profundo, contrasta com reflexos iridescentes de jacquards de seda, criando uma paleta de estilo metamórfico.


Cada peça reflete a excelência do savoir-faire, combinando a precisão da alfaiataria francesa com a construção singular do quimono. Esse encontro alquímico sugere novas soluções para a moda, onde o corpo permanece no cerne, envolto em conversas que transcendem fronteiras culturais.